Degraus da Busca
A menina se cansou de tudo aqui...
Parou, respirou fundo.
Não sabia se ia tentar novamente,
Se queria tudo aquilo para si
Muita canseira, muito esforço, muito desgaste
Ela nem se sentia inferior,
Mas mesmo assim tinha que provar,
Todos os dias, para quase todas as pessoas
Com quem esbarrava pela vida,
Seu valor, que valia, que tinha muito a oferecer.
Ficou se perguntando o porquê daquilo tudo,
Tudo tão podre, tão cansativo, tão desgastante.
Quando ela morou na Ladeira lá da Poleira
Era tudo tão fácil, tão simples, ela bastava.
Agora, ali, no meio de gente grande, complexa, não.
Tinha que mostrar credenciais, apresentar resultados,
Gritar pra ser ouvida,
Ou aprender a se colocar nos discursos
Mesmo não sendo bem vida.
E não era só ela a não ser bem vida,
Ninguém era,
Todos optavam por monólogos, por ações solo,
E todos tinha que saber se encaixar, se forçar,
Delicada e gentilmente se colocar como falantes,
Membros igualitários, parceiros respeitados.
Aquilo tudo era uma arte muito complexa e confusa.
Se perguntou se valia a pena tanto,
Não morreria nem padeceria nada se ficasse sem aquilo,
Mas aquele lugar era ponto de passagem
Necessário para construir o que buscava.
Mal se lembrou disso,
Retomou o ânimo, se reencheu de motivação
E reassumiu sua posição.
O que buscava importava.
Marta Almeida: 17/05/2022