[Será a VIDA um “Trem”?] (Dueto)

Trem
Do mineiro
Trem, lembrei...

Por que pro mineiro tudo é “trem”?

Pensei, nas minas...
Nos minérios das gerais...

E do Trem de lá
Passei para o trem de cá...
Antes Central do Brasil e hoje Supervia...

[E, senti saudades dos trens de NYC
E, de San Francisco...

Ah, trem!

Trem, de “trahere” (latim)
Que significa “tirar ou puxar alguma coisa, arrastar”...
Trem, que se desloca nos trilhos pelas linhas do mundo inteiro...

Trem que em seu caminho de ferro
Encurta distâncias, carrega em seus vagões, Vidas...
Transporta todo tipo de mercadorias, escoa produtos e riquezas...

Trem...
De muitas histórias
Trem presente na vida de muita gente...

Trem de lembranças...
Da imaginativa
Criança...
Que em trilhos
Serelepe e sonhadora
Tantas vezes se equilibrou...

[Trem...
Das sensações...

Quem um dia andou sobre trilhos
Lembra qual é a sensação
de desafiar a lei
da gravidade...

Há como esquecer
aquela sensação
De liberdade?

E quem não gosta?
De sentir aquele friozinho na barriga naquel'hora
(ainda que nem tanto perigo tenha, mas... faz parte)
Como a pedir, é claro, uma ajudinha da fértil imaginação...

Os trilhos...
Verdade que me prendem a atenção...
Atraem o olhar, fascinam...
E olho par'eles (sempre mexida)
A imaginar estar a caminhar entre os prédios da cidade
Como n'aquele filme em que um cara caminha n'uma corda de aço
A transitar entre os dois prédios do World Trade Center
E assim, ando e caminho sobre os trilhos
A rir como uma criança (que faz arte)
E ver até onde posso ir...
sem deles sair (e muito menos cair)...
E como não fazer uma analogia
Com a vida...
Seus trilhos, linhas, bitolas, dormentes...
locomotivas, comboios
... arrastando-me
(num ir e vir)
E não é que a vida seja, quiçá, assim...
Um andar entre místicos trilhos,
Assentados pelo Tempo...
percorrendo a eternidade...

[Trem da Vida...

Sinto
ao olhar os trilhos
Uma sensação de infinitude...
(o coração sempre acelera)
Serão ocultas lembranças?

As linhas de trem
Que já andei
Tinham fim...

E, a linha do trem da Vida,
terá fim?

[Mistério!

O desconhecido
Ora me instiga e atrai
Ora me assusta e paralisa...

Não sei explicar essa sensação
Mistura de angústia
E prazer...

Ao contemplar os trilhos avançando na direção do horizonte
Sempre associo à vida e seus trilhos
(é quase instintivo, por mais estranho que possa parecer...)
E, sempre me indago: o que [ali] nos trilhos da Vida irei achar?

Os trilhos que vi, d’estradas de ferro longas...
Sempre encontrei uma estação...
Desci e contemplei...
[havia um lugar...

Haverá uma estação
Para os trilhos
Da Vida?

Será a VIDA um “Trem”?





Juli Lima e Cássio Palhares





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ENCONTROS E DESPEDIDAS (letra e vídeo) com MARIA RITA, vídeo MOACIR SILVEIRA (ouça)

















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