A Árvore Robusta Velha
Olhava aquela árvore velha, toda envergada, feia,
Sempre com muitas folhas, muita sombra, muito distorcida, feia, pesada.
Eu sentava ali, em baixo dela, usufruía da sua sombra,
O vento sempre estava ali, pairando, suave, delicado e delicioso,
Mas era velha e feia aquela árvore torta.
Nunca me perguntei quanto de dor ela se subjugou
Pra ter tanta folha fresca, delicadamente suave e cheirosa,
Quanto ela teve que suportar de tempo e desconforto para aprender a apreender o vento
Esse indomável amigo que não se deixa capturar.
Nunca me perguntei quanto ela sangrou em si para aquela robustez,
Quanto de esforço se impôs, quanto de lazeres e prazeres perdeu
Para se plantar naquela árvore, para se construir,
Lições que nunca aprendi.
Usufrui do seu vento, dos seus frutos
E me fui.
Nunca vi tanta lição que havia ali
Não aprendi que grandeza consistente nos cobra o preço do esforço, da renuncia, do empenho, do desconforto social,
Porque desruptura os espaços ao nosso lado,
E vai, aos poucos, nos entortando as aparências, aquilo que o povo vê.
Marta Almeida: 04/05/2022