Correntes do ódio

Quando o ódio me alcançou eu não estava só

Mas me engoliu ainda assim

Não seria ele parte de mim mesma?

Odiar destrói, atrasa, emburrece,

Faz devotar nossa atenção a quem não merece.

Ainda assim, não fui capaz de fugir do meu ódio

É raiva que não desce

É dor que não passa

Mas o que tem essa outra de tanto

Que consiga roubar minha paz

Que consiga me prender em suas armadilhas emburrecedoras?

Parei, respirei, me olhei,

Tinha tanto ainda a caminhar

No entanto, estava presa àquelas correntes do ódio

Paralisada, ali,

Eu nem era dali.

Nesse momento, fui libertada,

A consciência (metanoia) me libertou.

Saí, caminho a fora segui, ainda arranhada, ferida,

Mas ferimentos se curam no caminho.

Marta Almeida: 13/04/2022