[Quero ouvir as vozes dos Versos...] (Dueto)
Logo, logo
O Sol vai se pôr
Eu passeio pela orla
Do Arpoador...
Vou
na direção
Da Joatinga...
Na água, surfistas
No Céu, vejo
Asas-Deltas...
Na praia,
a caminhar agora,
ociosa e sem destino... e sem sentido
Ternurentos, meus pés, vão tatuando a areia...
[Ouço as vozes do Mar...
Imprimem, meus pés
seus contornos e formas...
Deixando nítidas marcas
De seus encontros
Com a Areia...
[Escuto as vozes da Areia...
Caminham os meus pés,
Acariciando a Areia...
Dialogando
Com ela...
[Há melodias no ar...
A morada de minh’alma,
oh, sim, a morada de minh’alma...
É seguida, por uma sombra silenciosa...
[Ouço um apito ao longe...
Olho para o horizonte do mar e percebo
Um navio a zarpar e avançar
Na direção do horizonte
Lentamente...
O qual logo mais não será por mim visto
Que concluirei?
Tê-lo-ia naufragado?
Claro que não!
Que pensamento
Sombrio e descabido...
Sinto meus pés a afundarem n’areia
E as águas, com seu vai e vem,
a me roçarem as pernas...
[Ouço as vozes das Ondas...
Vejo, um pescador em seu humilde barco a remar
Valerá, pois, o seu esforço?
Oh! decerto que valerá (pelo que não valeria de nada
...ficar na praia de braços cruzados)
Vai ele, buscar o seu pão de cada dia...
Rema e rema pelo seu sustento...
Rema e rema e rema
Pela Vida...
Contudo, não é justamente isto o que a maioria faz?
“Remar no mar da vida”, em busca de seu sustento,
Quiçá, seus sonhos e felicidade...
[Ouço ruflar de asas...
Gaivotas dão rasantes sobre as águas...
[As gaivotas ouço...
Pensamentos confusos que nest’hora me “perseguem”
Ó, sombrios e tempestuosos
Pensamentos!
Lançam névoas de tristeza em meus olhos
Inquietam-me o coração
Perturbam-me...
[Arrebatam-me a lucidez...
Ou será que não?
E, por um tempo impreciso...
É, como se eu me teletransportasse
Pois me “vejo” em uma dimensão paralela
(seria imaginação?)
Eis que o abstrato me é tão concreto...
Trafego n’uma estrada barrenta e sem acostamento
E, caso nela desatente n’algum instante fique decerto
... que cairei na ribanceira
Por que nos perdemos no caminho que nós mesmos construímos?
Não faço a mínima ideia...
Ou serão os “pensamentos sombrios”
Um dos causadores desses
Descaminhos?
Ah, minha cabeça parece uma balada de “funk”
Queria tanto calar meus pensamentos agora ou mesmo ignorá-los...
Para, desta forma, ouvir minhas maiores verdade ou mesmo ouvir as ondas...
Por qu’eles são tão barulhentos?
Ruidosos e também
Desconexos...
Todavia,
não os suporto,
Quero que se calem!
Pensamentos sombrios
Carregados de desesperança
Tristes e melancólicos pensamentos...
[Quero que se calem!
Quero ouvir a sinfonia das Ondas...
Quero ouvir a serenitude na voz da Brisa...
Quero de volta meus versos de Amor e Paixão!
Que se calem
As sombras!
Enquanto caminho...
Quero ouvir as vozes dos Versos de Amor!
Juli Lima e Cássio Palhares
Mar e Sol · Gal Costa (ouça)
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Imagens-Acervo Pessoal