Liberdade

Sofia passou a vida na marginalidade da sua própria existência,

Nem fé nem esperança a tiravam de lá.

Aprendeu, e reproduziu, irremediavelmente reproduziu

Que ali, no pó, era seu lugar.

Nunca sonhou com nada,

Não teve sonhos, esperanças na infância,

Nunca quis ser médica nem astronauta,

Nunca quis nada,

Apenas olhava pra morte

Como quem nascera por engano,

Esperado o momento da voltar a inexistência

Foram precisos muitos vendavais, muitos verões e muitos invernos

Para a arrancar daquele poço.

Um dia saiu.

Olhou a vida à sua volta, linda.

Ousou sonhar.

Agora, amava a vida.

Marta Almeida: 28/03/2022