[Existamos e Sejamos!!!] (Dueto)


Dou asas
Ao pensamento
Enquanto me encanto co’a Lua...

É madrugada...
Os sons que ouço
Também me fazem pensar...

O aparente “silêncio”
Um som trazido
Pelo vento...

Vejo
A Lua
No escuro
Escuto o “silêncio”...

Sou relativista...
Então refuto
O Silêncio...

O fato de “EU”
Nada “ouvir”
Não caracteriza
O “silêncio”
Pra mim...

Sabe-se
Que o ouvido
Capta determinada
Frequência de ondas sonoras...

Sabe-se
Que o Cérebro “significa”
Todas as nossas percepções sensoriais...
Mas, quantas vezes, “desligados”, nada ouvimos?

[É paradoxal,
Escutamos e nada ouvimos?
Olhamos e nada discernimos ou vemos?

[É estranho...
Sim, ainda estranho, essas “ausências...
Esse estar e não estar... Essa presença que não é...
É como se por alguns instantes, existimos e não somos?

Se mesmo por milésimos
Nos desconectamos
Inexistimos?
Não somos?

Nesse hipotético tempo
A essência se eteriza?

Nesse breve tempo
O Corpo existe
Sem SER?

Existir ou ser?
Ser ou existir?
Ser... ou “somente existir”?
Estando a peregrin’alma nest’exílio a atravessar
(na maioria das vezes sem saber por quê)
Vida vazia e, deste modo, não verdadeiramente vivida
Tempo [de viver], porém... desperdiçado e estéril

A vida existe ou a vida... “é”?
E quem se importaria [hoje] co’esta dúvida?
A vida... sempre “é”
Ainda quem nem todos chegam lúcidos ao ocaso da existência

E o tempo... “é”... ou existe?
Buscaria todas as almas tal resposta o saber?
Se o tempo somente existe, sê-lo-ia então... mortal?
Fraco [aqui] direi que a verdade é qu’eu não sei

Mergulho minh’alma nestas dúvidas
Ao que o medo me invade
Na verdade, um’angústia mortal
Que caso não for “trabalhada” em pavor se transformará
E esmaga-me as incertezas d’agora
Embora haja muito [tempo] que me seguem e assediam
E a imaginação oh! quanto ri de mim e que nunca vai embora
(e nem quero!)
Quanta firmeza me falta em minha mente!
(Sim, me falta conhecimento, ou mesmo
Compreensão e entendimento)

Qual o maior segredo do tempo?
Teria alguém?
O que haverá depois de suas portas?
Seria o nada?
Oh! E pensar que ninguém sabe o que atrás delas houve!
E, no entanto, miro os olhos para um desconhecido futuro
A crer que ele existe e, sobretudo, virá

Passou-se o primeiro dia da criação a desvanecer-se totalmente
... da memória
Aquele “dia” ao que seria um sagrado “hoje” da primeir’aurora

E, com os olhos
Ancorados nessa radiosa lua...
Flutuam em mim tantas e tantas questões...

Quantas barras d’ouro valem o seu dia [de hoje]?
Queremos que nossa vida seja longa
Todavia, não nos importamos que ela seja boa

E, afinal, o que estamos fazendo nela – na vida?
E como é o seu de d’hoje?
A verdade é que muitos acordam hoje com saudades d’ontem
... ou co’anseio do amanhã
Esquecem-se do dia d’hoje
Deixam escapar o instante d’agora

[Penso, existo, sou ou não sou?

Não! O meu único “hoje” vale mais que milhões de “amanhãs”
E muito mais que todos os “ontens” que não mais existem
Sim, foram embora... (E será que foram?)
Não creio! Não houve
Despedidas...
Embora muitos ainda s’encontram em minha memória
Coisas do [psicológico] tempo, não há dúvida...
Ou mesmo desse defeito de fabricação
Chamado apego...

Eis que teimo em carregar comigo um tempo morto: o passado
Mas que minha mente s’esqueceu de sepultá-lo [n’uma fossa]
Ou, que melhor agora diria: s’então cremado fosse

Existe em mim um cemitério?
Sou sepulcros ambulantes?
Guardo os “restos”
De meus ontens?

Ó, Lua!
Lua, Lua, Lua!
Ilumina-me o PENSAR!

Seria o tempo o corpo [místico] de Deus?
(onde nele trafegam as imperfeitas almas?!)
Mas por que as almas se contaminam pel’orgulho?

E como
Mortas-vivas
Perambulam, sem “rumo”...

Muitas
Desfiam Rosários
de “dores” e lamentações...

Mas, a verdade é que passado e futuro estão sempre... presentes
Já que o presente é um permanente e contínuo “agora”
Enquanto houve desejos (das “vozes” do futuro)
E enquanto houver lembranças (dos “ruídos” do passado)

Existamos e sejamos!!!






Juli Lima e Cássio Palhares


















Não Demora (Letra) – Melim













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Imagens-Acervo Pessoal