VERDADE OU FICÇÃO POÉTICA

VERDADE OU FICÇÃO POÉTICA

 

Estive dormindo com estrelas no vão,

Mas sonhos são ventos celestes,

Que você nem sabe porque ou razão,

Se neles não há certeza que ateste.

 

Até o que faço e toco com as mãos,

Nem sempre é verdade ou é ficção,

Se estar acordado ou em convulsão,

Não diz se é calor ou é convicção.

 

Há quem acredite em tudo que houve,

Embora o ouvido só ouve o que quer,

E todo passado nem sempre soube,

Pois estar escrito só diz quem quiser.

 

A história contada é dos poderosos,

E sem as derrotas em que fracassou,

Pois toda vitória tem sopa de ossos,

E até na batalha em que não ganhou.

 

Nas vidas normais tudo é misturado,

Há dias de carne ou de fome também,

Um dia tem sol mas há outro nublado,

Como calor e frio nos dizem amém.

 

O certo no início é o fim de tudo,

Por isso saibamos só nos tolerar,

Pois felicidade é instante sortudo,

Cobrado dos anos que vão findar.

 

Só há tempo eterno para a energia,

Que está em nós, mas também se vai,

É como a tristeza contrasta a alegria,

Em toda chuva que foge ou que cai.

 

Por isso o poeta descreve os dias,

De dente afiado rasgando a massa,

Ou da flatulência juntada com azia,

Na voz do guisado comido na praça.