A IDADE DO ESPÍRITO

Solta as amarras do tempo

Os amantes rolaram nas dunas

E a flecha destruiu como um raio

O tempo que lhes separava

.

Feito o cálculo dos dias

Mãe e filho seriam

Não fosse o amor que os unia

Qual doce cisnes encantados

E o vento quebrava barreiras

Em tempestades revoltas

Soprando verdades soltas

A quem enxergava o caos

O sol derretia o semblante

E o rosto de cada amante girava, girava e girava.

E as veias pulsavam e cresciam, sem pudor, com harmonia

Enquanto o amor unia o que os anos separava

Em um anular desinibido

O símbolo não era preciso

Pois esposa e marido

Há muito já se consumara

Quebrando a clausura do atraso,

Sem pudor, censor ou nexo

Mostrou-se que amor e sexo

Não tem validade de prazo

O tempo comeu a distância

Os sulcos encheram o espelho

O espírito fez-se intacto

E os amantes envelheceram

Agora ninguém mais importa

E quem nunca bateu à porta

Chega para um dedo de prosa

Sentando pra tomar um chá

Wilson Magalhães
Enviado por Wilson Magalhães em 21/01/2022
Reeditado em 21/01/2022
Código do texto: T7434484
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