A IDADE DO ESPÍRITO
Solta as amarras do tempo
Os amantes rolaram nas dunas
E a flecha destruiu como um raio
O tempo que lhes separava
.
Feito o cálculo dos dias
Mãe e filho seriam
Não fosse o amor que os unia
Qual doce cisnes encantados
E o vento quebrava barreiras
Em tempestades revoltas
Soprando verdades soltas
A quem enxergava o caos
O sol derretia o semblante
E o rosto de cada amante girava, girava e girava.
E as veias pulsavam e cresciam, sem pudor, com harmonia
Enquanto o amor unia o que os anos separava
Em um anular desinibido
O símbolo não era preciso
Pois esposa e marido
Há muito já se consumara
Quebrando a clausura do atraso,
Sem pudor, censor ou nexo
Mostrou-se que amor e sexo
Não tem validade de prazo
O tempo comeu a distância
Os sulcos encheram o espelho
O espírito fez-se intacto
E os amantes envelheceram
Agora ninguém mais importa
E quem nunca bateu à porta
Chega para um dedo de prosa
Sentando pra tomar um chá