Sirva-me as migalhas
Cala-te pátria de desordenados
Na infâmia dos porões à proa
Em contínuo turbilhão de ondas
Lançam à fome da desonra
Sois vermes na carne humana
Que aos cifrões não te cerceaste
À gula incessante que debruça
Dos flagelos e dores semeaste
Nutre corvos da bandeira hasteada
Nos pálidos sonhos decadentes
Que aos heróis negada a honra
Foge a áurea, fidalguia dementes
Alça-te do trono que extorquistes
Em brado glória assine a alforria
Que o povo em queixa se desdobra
Nas incertezas que à pátria construístes
Não são estrelas vermelhas, corvos,
Aberrações da desmama pelo lucro,
Tão pouco as bordadas em fardas
Farsas transformadas em vultos
Cá ou Acolá não fostes o escolhido
Na essência, são todos bandidos
Governantes do tráfico de favores
Vivem ambos em noites de amores
E o povo que ao sol da flamula
sub-raça acredita e desvela
Guindam sobre o suor da miséria
Na liberdade que encerra
Não cabe mais que três dígitos
Na algibeira que à saúde se venderam
São analfabetos dos sistemas
Que sutilmente ordenastes em êxitos
São Joões , Marias, Josés e Severinos
De Drummond, Vinicius, João Cabral
De tantos outros na literária caricatura
Representam um Brasil de peregrinos
Mas é vergonha que me indigna
De acreditar que cada qual segue sua Sina
Quando a liberdade que a mim alforriada
Fez me escravo à perpétua rotina
Sirva-me as migalhas
Que da mesa vêm ao chão
Enquanto a parte que me cabe...
Fica a critério do patrão.
É nesse universo já engenhado
Que cumpro com rebeldia
A parte que me é ostentado
Valendo-me dia a dia