NO CÉU, SEM ESTAR

NO CÉU, SEM ESTAR

 

Tem festa no Céu, talvez!

Por todos que chegam lá,

Pois a fresta é só uma vez,

Que permite a vida passar.

 

Todos nós já estamos no Céu,

Mas ainda vivemos sem estar,

Ao não saber ser ator do papel,

Quando o dramaturgo chamar.

 

Mesmo na chuva ou na onda,

É preciso saber consertar,

O passo em falso que clama,

Pra não persistir em errar.

 

Senão as abelhas se zangam,

E o mel deixam de fabricar,

Para então ferroar quem afana,

Os favos que estão a guardar.

 

Será que serei quem merece,

Seguir para ter bom lugar?

Ao lado da luz que não cesse,

O meu reluzir, meu sonhar?

 

Por isso eu limpo a estrada,

E acendo a lareira do tempo,

Com a vida seca ou molhada,

Ao Sol ou na chuva e o vento.