Por que tão triste?
No escuro de um postal chegado muito tarde (um mês após dezembro, eu acho), com a aurora a pontapés guardada na garagem, e que vem de longe, exausto, os braços sobre as asas, escrevo este poema.
Sou apenas um homem que diz com as mãos, um poeta. Conto a luz que vi olhando a rua - mais precisamente o Mercado das Coisas Furtadas.
E por conta disso, posso ser sempre o mesmo e diferente.
Então, deste poema mofino em que os versos pisam a si mesmos, onde vê-se apenas o chão das paisagens, eu corro o pé como nunca vira antes (como se de capuz e bigodes) e pergunto ao pensamento que duvida qual um muro:
Por que tão triste?
E feito mágica ou feito o vento quando dispersa os ramos, a alegria a ter comigo ia.
Nhec Nhec!
Ouçam! range a tábua em travessia os salmos e pisam de ouro no chão!, e no poema prolongam-se os jardins e as velas; nascem como junco os riscos de bordados no fundo das pupilas!; se espelham no palhaço os querubins que restam!
A alegria a ter comigo ia!
(...)
Nhec Nhec!...
CRASH!
Ocorre que trago cicatrizes ainda no rascunho…