DEBAIXO DA MINHA PELE
Quando olhamos superficialmente,
quando nos comportamos superficialmente,
desconhecemos todo um mundo profundo
que vibra debaixo da nossa pele.
Começo por me descascar camada a camada
e não tenho medo de me afundar
no coração do meu núcleo.
É magnífico se descobrir
que debaixo da minha pele,
gira um mundo de luz e cor.
Talvez tenha surpresas,
mas essa ânsia
é a parte aliciante da tarefa.
Se me afundar num mar de rosas e urze,
cheio de colmeias de mel,
posso tirar o máximo partido da expediência,
porque essa é a recompensa
pelas atribulações passadas nesta vida.
Se porventura me afundar
num lamaçal fedorento,
cheio de répteis e sáurios,
não me lamentarei,
mas agradecerei a Deus a oportunidade
para expiar os meus pecados
e arrepender-me do mal
que certamente fiz nesta vida.
Depois da expiação,
serei sem dúvida um ser de luz,
capaz de jogar uma partida de xadrez
com os meus irmãos
já seres iluminados!
Usemos a banana como analogia,
quantas vezes
ao descascar uma de pele amarela,
por dentro está com manchas negras
e outras vezes
uma banana já com a pele negra,
por dentro é uma delicia.
Dizem
que é quando a banana faz melhor.
Julgar alguém pelas aparências
é um erro crasso
que nos deixará colado na pele,
o rótulo da injustiça,
ladeada pelas suas aias,
a ignorância, a má vontade,
a intolerância, a crueldade
e a “piquena” inveja!
A pele tem três camadas principais
e sete estratos,
descasquemos-nos camada a camada
bem devagarinho e com muita delicadeza
para podermos absorver tudo
sem danificar,
com o único intuito da aprendizagem
e nunca do julgamento.
Deixemos essa tarefa para Deus,
o único juiz que sabemos incorrupto!
© Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 01/06/21