Demasiado

Sou demasiado grande para a pequenez onde habito

Quero demais para o pouco que me é me oferecido

Ofereço demasiado a todo o pobre e mal agradecido

Que me tem sugado sem saber o que tenho sofrido

Sou demasiado honesta para um mundo fingido

E sei que a tomada de consciência me tem entristecido

Embora a minha experiência já me ter enriquecido,

Sempre me encho de esperanças sem ser certo e sabido

Esperanças como um pássaro que acaba abatido

E que voam demasiado alto para o que me foi encutido

Mas sempre quis eu mergulhar no desconhecido

Com elegância em procurar o que não tenho sentido

Talvez pense demasiado sobre o que tenho absolvido

Ou talvez queira desenvolver o que não pode ser desenvolvido

Mas na inocência de dar mais sem ser correspondido

Acabo eu a regar o que nunca vai ser colhido

E a minha essência é fruto que precisa de ser expandido

É consequência do que criei com o que tenho vivido..

E se for demasiado ou não tiver qualquer sentido

É por condescendência que me rio e prossigo.

Maria Ribeiro Meireles
Enviado por Maria Ribeiro Meireles em 11/05/2021
Código do texto: T7252943
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