Vejo
Ofendem-se pelo meu olhar ou pela sua intensidade
Por não saberem que tenho algo diferente
Não um dom mas uma espécie de habilidade
De ver por uma lente e perceber o que uma face sente
Perceber se aquilo que profere é sincero ou não
Se é dito da boca para fora ou do fundo do coração
Sendo observadora experiente e imune á persuasão
Observo calmamente tirando a minha própria conclusão
E no fim dessa observação sempre ganho uma lição
Ou fico presa no observado mesmo sem ter intenção
Sendo correto ou não, descubro que tenho um olho espião
E quando foco não desfoco, devido á interconexão
Então guarda a ofensa para quando deixar de te olhar
É sinal que já não tens nada para ver ou revelar
Nada que da normalidade te possa diferenciar
Ou nada de interessante que eu queira captar
É sinal que tens meu desprezo, para teu espanto
Por isso prefiro ver-te sem te ver perder o encanto
Aproveita então esse olhar demoníaco ou santo
Que enquanto ele dura, dura também o meu canto.