VIAGEM ATRAVÉS DAS MINHAS ENTRANHAS
Um dia
encontrarás
o que sempre quiseste.
Ou talvez não...
Podes encontrar muito melhor!
Neste momento
eu não sou uma boa companhia.
Neste momento
eu não quero ser uma boa companhia.
Cheguei a uma idade
que já só obedeço ás minhas ordens.
Cheguei a uma idade
que me concede o privilégio
de fazer apenas
o que me dá gozo e alegria.
Faço o que tenho vontade de fazer
e não porque me é imposto,
muito menos por frete ou obrigação.
Tudo o que faço é com paixão.
Não concebo
e muito menos imagino a minha vida
sem paixão.
A paixão impulsiona-me,
motiva-me, dá-me entusiasmo,
leveza e muita alegria.
É incrível
o trabalho que podemos fazer
dentro de nós.
Lembro-me que fui uma criança
e adolescente tímida,
Uma menina sorridente é certo
mas de aparência triste.
Hoje sou mulher vulcão,
que preciso mergulhar no mar
para arrefecer a chama.
Sou mulher vento,
espalhando sorrisos e esperança.
Sou mulher rio,
com pressa de chegar ao mar.
Sou dona de mim e do meu tempo.
Não agrido ninguém
mas já não tenho necessidade
de me fazer agradar.
Dou-me sem filtros,
contudo, tenho que usar filtros
para evitar ser contaminada
pela besta que assola o mundo.
Quem gostar de mim,
gosta de mim como eu sou,
sem artifícios, sem cartas na manga,
verdadeira, frontal e direta.
O que pensei ontem,
posso já não pensar hoje.
O que penso hoje,
posso não pensar amanhã.
Não tenho que prestar contas
das minhas mutações,
Não sou formatada,
nem sequer regida por padrões.
Estou em constante mudança,
em constante aperfeiçoamento
sem que seja imposição,
desligando-me cada vez mais da matéria,
focando-me no coração.
Eu sei que nem sempre sou compreendida,
mas esse problema não é meu.
Eu sou apenas eu
e quero continuar a ser eu.
Hoje não serei igual a ontem
e amanhã não serei igual a hoje.
Se me chamarem louca ou selvagem,
eu não me importo.
Serei louca
por me distanciar
do que é apelidado de normal.
Não gosto de ser pastoreada,
gosto de ser pastora.
Ser selvagem
leva-me até á vida livre da selva.
Quem não gosta de ser livre?
Fico feliz
quando cutuco as mentalidades.
Quando agito os esqueletos.
Aquilo que eu sou,
apenas a mim diz respeito.
Basta-me a mim saber quem sou,
porque se não souber,
sou eu que vou á minha procura.
Jamais irei á secção de perdidos e achados
porque não me acharei lá.
e nem sequer vou esperar 24 horas
para poder participar a ocorrência.
Por um minuto se vive
por um minuto se morre.
Não sou fria nem insensível,
viro-me do avesso e do direito
para fazer felizes aqueles que amo.
Sou solidária com a dor e a miséria .
Ajudo toda a gente que precise de mim,
independentemente
de me terem feito bem ou mal,
pela simples razão
que a minha natureza é ajudar.
Isso me faz feliz. Simples assim.
Nada me desmotiva
dou tudo de mim.
Sou gente!
Que mais posso querer
se me retribuírem
com um sorriso e um olhar contente?
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 27/04/2020