UM DIA O RECADO SERÁ OUVIDO
Quando eu nasci,
ainda não sabia
os sonhos que carregava,
desde que tivesse a barriga cheia
e a fralda limpa,
eu já estava bem e era feliz.
Muito cedo fiquei sabendo
que isso não era o suficiente
para se ser feliz.
Muito cedo fiquei sabendo
que tinha que desenvolver armas secretas
para me poder defender
da maldade á minha volta.
O que nessa tenra idade
eu ainda não sabia,
é que Deus me tinha apetrechado
com uma armadura invisível
onde os projéteis faziam ricochete.
O que eu ainda não sabia
nessa tenra idade
é que Deus
me tinha concedido alguns dons,
os quais cabia a mim desenvolver,
aperfeiçoar e fazer bom uso deles.
Acabei por fazer uso deles todos,
consoante a etapa
que tinha que percorrer.
Um ou outro
foram uma verdadeira surpresa.
Revelaram-se ferramentas poderosas.
Á medida que os anos
iam caindo sobre mim
fui dando mais primazia a uns
que a outros.
Há um dom que se destacou,
ligado ao sonho da minha adolescência,
a poesia.
Muito cedo, era eu ainda uma menina,
quando encontrei
num cantinho do meu coração
uma caixa de riso
contendo uma caneta de prata
com tinta permanente.
Se eu tinha caneta,
onde estava o papel?
Fui encontrá-lo
na mesa alva da minha alma.
Sempre soube
que foram presentes de Deus.
Presentes que eu estimo muito
e guardo religiosamente
com muito fervor
dentro da mesma caixa.
Eu uso-os
para dar voz aos meus anseios
e vontades,
amor e paz para todos.
Eu sei que são um meio poderoso
para difundir a paz e o amor
por todos os cantos do mundo.
Eu sei que são uma ferramenta crucial
para abrir os sulcos
e semear a boa semente.
Eu sei que são uma arma importante
para acabar com a guerra
e toda a forma de violência.
Um dia perguntei á minha mãe
se eu tinha nascido a rir,
ela não se lembra,
mas eu creio que sim,
porque é a sorrir
que eu conduzo a minha vida.
É a sorrir que ultrapasso as dificuldades.
É a sorrir que me fortaleço.
O riso, a par com o sol e a poesia,
são a minha vitamina,
um potente antídoto
contra a maldade á minha volta!
O mundo está cheio de poetas,
um dia o recado será ouvido!
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 26/04/21