PARADIGMA DE FÉ
Deprimido e derrotado,
João cultivava a tristeza,
seus desejos destroçados,
pelo revés que lhe trouxe a fraqueza.
Aquele homem casado,
pacato e trabalhador,
estava desesperado,
por perder o seu grande amor!
Conhecera na igreja,
a mulher que tanto amava!
O noivado não foi surpresa!
O casamento se aproximava!
Com a casa já construída,
casaram em felicidade!
Joana era tão divertida!
João era suave humildade!
Aquele homem simples,
honesto e trabalhador,
vivia uma vida sem requintes,
no elo que era feito de amor!
João era mestre pedreiro,
gostava do que fazia!
Trabalhava o mês inteiro,
para poupar suas economias!
Sua inspiração era Joana!
Não deixava-lhe faltar nada!
A paixão era tamanha,
pois, adorava a mulher amada!
Dois anos se sucederam,
e Joana conheceu o adultério!
Seu amante era um seresteiro,
e guardava o seu pecado em mistério!
Contou seu segredo chorando,
suplicou a João o seu perdão!
Viu que seu amor era o Fernando,
e foi embora com o amante em paixão!
João não era mais esperançoso!
Amargura agora era a companhia!
Perdeu o alento, ficou desgostoso!
Perdeu o encanto com a alvenaria!
O pedreiro João já não trabalha,
e em casa quase não fica!
É no bar que em farra extravasa,
jogando bilhar e bebendo birita!
Martirizado e frustrado pela funesta traição!
A esposa que tanto amava quebrou o juramento,
trocou-lhe pelo amante oferecendo-lhe a rendição!
Desiludido vê agora seus anseios em fragmentos!
Aquele homem ficou doente,
por perder o seu grande amor,
vivia um pulsar plangente,
acalentando o desamor!
Átimo de desesperanças, de amarguras no presente,
coração desalentado, definhando em sofrimento;
abarcado pela solitude no infortúnio deprimente,
cáustica dor em opressão exteriorizando seu tormento.
Pungente tristeza prostrando o homem de seu viver,
desistindo da luta, quebrantando seu sonhar,
derribando a alegria, pulverizando seu querer,
corroendo sua alma, enlutando seu trilhar.
Aquele ser passou a questionar!
Se Deus, deveras tem existência!
Pensou!
Por que estou aqui a me quebrantar?
Deveras!
Vivo em desventura e em conseqüência,
sinto-me castigado pela solidão a me sepultar!
Perdeu a fé! Não tinha mais crença!
Deixou de acreditar em Deus!
Dizia que a criação da onipotência,
era falácia perniciosa de fariseus!
Arrefecido sentimento,
pela fé esquecida,
desacreditou do firmamento,
deixou sua vida embrutecida.
Aquela fisionomia carrancuda, carregada de tristeza, tinha ideias absurdas;
suicidas em certeza!
Cultivava agora a depressão,
a melancolia, e vivia sempre a lamuriar;
sua companheira era a solidão,
a lúgubre desesperança era seu mortificar!
Não demonstrava sentimentos,
era frio e sem empatia,
sua vida era tormento,
sua mente, a desarmonia!
Dia e noite estava a sofrer,
se dopando com remédios,
não sabia mais o que fazer,
para sucumbir o ingente tédio!
Aquela alma em fragilidade,
insensível e descrente de tudo,
não acreditava em milagre;
o seu viver era de luto!
Sempre foi bom homem, honrado e trabalhador,
teve instantes de venturas, de sorrisos, de quimeras,
travo, revés e reviravoltas, solaparam o seu vigor,
seu espírito é quebradiço; agora é o vício que lhe macera.
Vida póstuma, de um pobre ébrio carcomido,
tétrica realidade, mortificando o seu tempo,
servo do álcool e drogas, que agora são seu lenitivo,
cruel escolha que atiça fúnebre suplício incruento.
Só e desprezado, com a maldição em companhia,
seu horizonte foi enegrecido, sepultando suas vontades,
pensamentos desvairados pelas narinas brancas da cocaína,
injeta na veia o que envenena; a virulenta insanidade.
Extenuado pelas visões, do irreal desditoso alucinante,
corpo e mente desvanecendo pela dependência solenizada,
a oclusão é sinônimo da vida que é irrelevante,
agora jaz um moribundo elegendo sua mortalha.
Quando tudo parecia martirizar, findar e perecer, o extraordinário despontou: algo de lindo aconteceu! Naquele exato momento, o vento pela janela aberta adentrou! Trouxe para perto do homem um alento! Um papel com várias frases escritas que ele pegou!
No papel, encontrava-se uma oração!
O homem começou a lê-la com atenção!
FRATERNA ORAÇÃO, era como se intitulava!
Agora vou transcrevê-la para vossa apreciação:
Ó poderosa força, abençoai-nos e protegei-nos de todo mal. Mostrai-nos o caminho iluminado por sua luz divina, e que vossa presença possa estar sempre junto de nós; orientando-nos e ensinando-nos, para a evolução do nosso espírito.
Rogamos para que vós que sois a onipotência, irradie em nossos corações o sentimento do amor, da compaixão, da esperança.
Suplicamos clemência para nossos atos de imperfeição; concedei-nos Senhor o vosso perdão.
Deus,Todo-Poderoso, de força benevolente, abençoe-nos. Que nos momentos difíceis possamos sentir a magnitude de tua presença, para podermos com fé, suplantá-los e crescer espiritualmente neste aprendizado.
Vós que sois a invisível energia que transcende, benigna e solidária, não nos desampare nos momentos aflitivos, e que em nossos instantes de júbilo, não nos esqueçamos de vós.
És a força do Universo, lenitivo para a vida; ensina-nos, pois, a colher na seara da vida: fé, alegria, perseverança, solidariedade e harmonia.
Sigamos sua Luz, sintamos sua aura, para conquistarmos a cada novo dia a centelha do Alento, da Verdade, da Retidão e da Justiça; que o nosso espírito possa estar envolto pelo sentimento da humildade; pois, somos partículas do Firmamento.
Senhor, abençoe nossos entes queridos. Dê-nos Boa Sorte, Paz, Saúde; consciência para que nossas ações sejam de respeito e irmandade para com o mundo.
Vós que sois espírito imaculado, livrai-nos dos seres involuídos que semeiam a maldade; coloque-nos sempre no caminho do bem, para abraçado a Ti, trilharmos venturosos e agradecidos nesta dádiva que é o viver.
南無妙法蓮華経
Inescrutáveis sentimentos, irradiou-se ao homem que se perdeu,
uma luz do firmamento, um benigno Sol resplandeceu!
Aquele homem sem fé e descrente,
ao ler a Fraterna Oração ficou emocionado,
em prantos absorveu uma energia latente,
seu mergulho n'alma reanimou o amor abandonado!
Seu espírito sentimentalizou o resplendor,
quando com vontade e fé começou a orar!
Sentiu estancar de imediato a sua dor!
Uma reluzente paz e harmonia a lhe abençoar!
Abraçou a fé!
Porque as incertezas são etéreas em mistérios florescidos,
seara de grânulos cultivados por entes desconhecidos!
Deus é necessário para prover-nos de esperanças,
para termos fraternidade e o amor sempre em constância.
Da vida que desprezava passou a dar valor,
o amor-próprio e autoestima brotaram em seu coração,
seu derrotar foi mitigado como o desabrochar de uma flor,
ponderação e vontade ensejaram-lhe a superação.
Nefastos vícios da promiscuidade estão agora em reclusão,
a vida foi renascida pelo milagre em castidade,
a bênção espargida fez-lhe conhecer a provação,
os vícios abandonados fomentaram sua liberdade.
A vida é mesmo assim: um árduo e difícil aprendizado,
cada um com sua cruz; algumas leves, outras pesadas,
a fé e a esperança, não devem abandonar frágeis culpados,
o amor é o sublime vencedor na fraternidade comungada.
A imperfeição é inerente na existência em pecado,
o ser humano infligindo atitudes em transgressões,
pensamos ser doutos, sábios e muito mais civilizados,
omitimos nosso lado selvagem na impiedade das paixões.
Descobriremos ingentes castigos na sociedade de ilusões,
pois, viver é o iminente perigo diante da vulnerabilidade,
a vida é feita de escolhas de imensuráveis emoções,
como estrelas em esplendor procuraremos a felicidade.
João foi aprendendo,
que o tempo traz a compreensão;
sua resiliência recrudescendo,
mandou embora a rendição!
Em júbilo viu sua aflição diminuir!
Sua mente energizando a gratidão!
O seu coração magnetizou o sorrir!
Estava salvo o homem pelo poder da oração!