Versos dualistas

Tudo o que é claro é obscuro,

Raio de sombra que se alastra

Nas telhas de todo dia tão duro.

No beco aberto há sempre um muro,

Esse tudo ou nada antecipado

Aos difíceis degraus de qualquer futuro.

E este mundo de sombras e claridades

É ilusão ou realidade, como a vida

Que fulge na escuridão a nossa verdade.

No chão esburacado do verão

O sol e a chuva se completam

Nas pedras grudadas em minhas mãos.

O instante é um imóvel inseto

Na grama que encobre a erosão

Do tempo desnudo e sempre inquieto.

Eis o mundo com seus raios e relâmpagos!

O esplendor de toda vida efêmera

Rasteja nos túmulos de nossos podres âmagos.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 22/02/2021
Código do texto: T7190634
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