Quem então será?
É a força impetuosa química
Ou seja lá o que for
Que pesa sobre a mente
E desfalece o corpo
É uma bigorna nos ombros
Pesando muito mais do que aparenta
Grudada na pele
Uma ferida aberta sem motivo
Com álcool gotejando na carne
Nada ajuda, só arde mais
Um desejo de mais nada
E que o nada venha logo e acabe
Contanto que essa dor pare
E por dor, nem sei se é
Mas o sofrimento tá aí
Ninguém vê, e de fato nem quer
Quem quer problema?
Quem quer se importar à tal ponto?
Quem de fato quer chorar junto?
Quem perderá para outro ganhar?
Nesses tempos em que o amor esfriou
Trocou-se amor pela empatia
Confundiu-se os sentimentos
O altruísmo será cobrado depois, pode escrever.
Quem ainda se dá, ainda que se perca?
Quem ainda se dá, sem ganho algum?
Quem ainda amará para diminuir a dor do outro
Ainda que traga para si, dor?
Quem não confunde mais o que é e o que tem?
Quem chora com o que chora, ao invés de se comparar?
Quem quer ser amparo e suporte, ao invés de tolerar?
Quem chorará quando for necessário para que outro sorria?
Somos um mundo de coletivos individualistas
E não um coletivo social diverso.
Quem ousará ter esperança de encontrar alguém?
E quem terá coragem de ser esse alguém?