Vi Amor
Me falaram de amor um dia, meio sem querer,
Nada me disseram sobre o que era.
Sentimento tolo, roxo, coração de trouxas,
Apego, prisão, alienação.
Observei.
Compreendi.
Amor é ação, coisa prática,
Nada tem com um foguinho no peito.
Aquele sapo que se engole pra manter o vínculo.
Aquele perdão que da pra viver leve,
Amor pro outro e pra si,
Aquela discussão tola inútil,
Com palavras rasgando peito,
Superada, esquecida dia seguinte.
Aquele cuidado constante, resmungão, casmurro,
Do modo que da, do jeito que sabe,
Com apenas o pouquinho que tem.
Aquela comida quentinha, gostosa, bem feita, bem comprada,
Simples, chique, requentada, servida.
Aquela roupa lavada, passada, dobrada.
Amor é dia-a-dia, é cuidado constante,
Com muito afeto, com muito abraço,
Com pouco afeto, com pouco abraço,
Com nenhum afeto, nenhum abraço,
Mas cuidado, zelo, amor está ali,
Com tudo que o outro pode dar,
As vezes só se pode dar o cuidado,
Não teve o foguinho ardendo dentro de si.
Marta Almeida: 10/12/2020