Dualidade
Há este mundo tão sem sentido
Que é viver sem acontecer
(de que obscuro ser revolvido
Não buscou imaginar o seu nascer?)
O ser amigo verdadeiro não existe,
É uma forma passiva de se amar,
É uma forma de ser que só consiste
Em ser, não sendo – e segue sem durar.
Contudo pode existir que num instante
Suponha-se que durar é que persiste
Neste amor acanhado e inconstante.
Então nada basta, paraísos ou infernos, a quem
Amou (certo ou errado) sem nunca ser triunfante:
Amizade, vida ou morte, nada importa a ninguém!
(Gilliard Alves)