Poema de arrebentação
Andei pelo mato adentro, menos a boca, que gritei pra longe: meu poema, a me fartar de gente em volta, um povaréu. Nunca fui de me mudar de mar; nos matos do mundo me arrumo e não saio, menos a boca, meu poema.
Sem cadeiras o sonho depende do espaço de sorrir as coisas; as obrigações não vêm de graça: vê as latas de tinta gastas nas estrelas.
Hoje o verso é poema de arrebentação, nas esquinas dos ossos, mastigando a tosse, em busca da felicidade que se debruçou e pôs as mãos pra fora como uma rosa a agitar os guizos: "Meu amor! Meu amor! Sou eu!".