CANÇÃO DO EXTINTO (queimadas no Pantanal)

Em minha terra haviam palmeiras

onde cantava o sabiá

As aves gorjeavam lindamente

Mas não gorjeiam nem aqui nem acolá.

No céu haviam muitas estrelas

Nas várzeas haviam flores

Nos bosques haviam vida

Mas não há vida nem amores.

Em cismar, sozinho, à noite,

Não consigo respirar

A fumaça cobre o céu

dificulta a beleza do luar.

Em cismar, sozinho, à noite,

vejo ao longe a luz do fogo

que destrói tudo que encontra

matando a vida que ia germinar.

Não permita Deus que eu morra

Sem que eu veja a vida rebrotar

sem que desfrute o céu azul

e reveja a palmeira e o sabiá.

(Adaptação do poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias por ocasião do fogo que destrói o Pantanal e a Amazônia).

Adriano Souza
Enviado por Hugo Morais (josé urias) em 22/09/2020
Reeditado em 22/09/2020
Código do texto: T7069489
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