O Velho Abandonado
O VELHO ABANDONADO
Quisera e me dera a sorte
de ter você.
Com amor o criei
e lhe ensinei a maneira
Do bom viver.
Em noites frias acolhi-o
nos meus braços acalentei-o
Não me descuidei um só momento
dos seus primeiros passos.
Hoje me lembro de sua escola,
pelas mãos eu o levava
e me orgulhava de suas lições.
Conduzia-o por caminhos perfeitos
de cidadão de bem,
para que no futuro você vencesse.
Não!
Eu não queria agradecimentos,
apenas desejaria me orgulhar
mais uma só vez.
Quisera e me dera a sorte
de você crescer...
Meus sonhos e meu orgulho
se tornaram pesadelo e vergonha.
Em paredes frias e chão úmido
minhas lágrimas se confundem
com o pó daqui.
No coração uma pontada de desespero
e, o dia inteiro eu penso em você.
Como será que você é agora?
Será que está ainda moço
ou está mais velho?
Será que ao menos pensa em mim?
Não...
você me esqueceu, me abandonou!
Mas eu o trago no peito
com o mesmo amor de antes
até mais ainda.
Agora estou velho e Abandonado,
num mundo pequeno
de chão projetado.
Se envergonhou de acariciar
este rosto enrugado pelo tempo
e me deixou.
Quisera e me dera a sorte;
apenas desejaria a morte,
do destino que me acolheu.
Rodrigues Paz.
(Autor)