Diálogo do Amor
Como se aceita pra amar
Uma pessoa que tem menos amor do que você precisa?
Quer dizer, você entra na vida com tudo... com muito amor...
Mas ela só tem um pouquinho no fundo de uma botija de barro.
A Matemática aqui cabe?
Ela diz que o jogo é desigual.
Trata-se mesmo de um jogo?
Quer dizer, é sobre competição?
O amor é sobre troca de quantidades iguais?
Trata-se do quanto te ofereceu
Comparado ao quanto ofereceu ao outro?
As pessoas à sua volta recebem mais amor desse indivíduo
Do que você sonharia em receber
É injusto? É um jogo matemático?
Pegue sua botija velha
Com aquelas poucas gotinhas de amor que recebeu
Quando o indivíduo te ofereceu
Não tinha muito a dar.
Agora tem mais para os outros,
Seja grato por isso:
Menos pessoas no seu espaço para chorar.
Repare bem no armário onde guardas a velha botija,
Recebeu somente uma, velha, surrada, quase vazia,
Lambuzada com quase nada
Guardou lá.
Armário grande, muitas prateleiras, todas vazias.
Volta, abre a porta, olha o armário,
Quantas botijas vê agora lá?
Há tantas...
Recebeu uma... era pouco... quase nada...
Doeu... chorou... se lamentou...
Xingou... esmurrou...
Mas enquanto fazia isso,
Enquanto caminhava de cara brava, zangada,
Amou...
E amou como pode...
Com raiva... zangada... chorando...
Cuidando... se preocupando... abraçando...
Acolhendo e sendo acolhida...
Não percebeu...
Mas não precisa mais que aquela velha botija seja cheia,
As gotinhas que ali recebeu foram suficientes.
Transbordaram... abundaram...
O indivíduo não precisa te fazer mais nada... não te deve mais nada
Te deu o que você precisava.
Talvez para outro não fosse o suficiente,
Mas para você bastou.
Você tinha o que era preciso.
Amor não é um monólogo,
Onde um entrega e o outro apenas se beneficia,
Trata-se de um diálogo,
Cada um dá o que tem, como pode.
Cabe ao outro complementar...
Abundar... transbordar.
Guarde bem a velha botija,
É um tesouro, bruto,
A ferramenta para abundar é você.
Não chore... não sinta dor...
A dor não é real...
Mas uma invenção egoísta da criança mimada
Que ainda mora dentro de você.
Liberte-se... eduque-a... force-a a crescer.
Cresça e saboreie o que construiu.
A Vida Realmente é Bela!
Marta Almeida: 22/08/2020