LIQUIDEZ
Posso te comparar ao rio: contínuo, risonho, doce.
Posso te comparar ao mar: revolto, inquietante, colorido.
Posso te comparar ao oceano: misterioso, arrebatador, inesgotável.
Posso te comparar ao gelo: duro, frio, bruto.
Posso te comparar à chuva: temporal, desastrosa, que dá vida.
Posso até te comparar à nuvem: vulnerável, carinhosa, efêmera.
E eu? Eu vivo como fogo: pura, resoluta, intensa.
E mesmo sendo avassaladora – a cabeça erguida como flama –,
extingui-me na tua água: o teu ir e vir de formas
e sabores diferentes, de sensações e faces contrárias.
Consumi-me em toda tua liquidez de ser,
sem antes pensar que uma gota do teu corpo
poderia apagar o maior dos meus incêndios.