EU ESTAVA EM CASA
Eu estava em casa...
E vi a cavalgada
dessa pestilência,
tão perto de nós...
E, tímido, reprimido,
um tanto atribulado,
vi a infelicidade
de netos a avós.
E, meio aturdido,
em plena ansiedade,
vi-me fustigado...
Fui, querendo ou não,
posto a resiliência,
pra corresponder
ao novo normal.
Eu estava em casa...
E vi essa virada
da imposta abstinência,
inconstâncias, presteza,
sonhos recolhidos,
moldados, enquadrados,
nessa nova onda
de tanta incerteza.
E eu cá, engajado,
da minha janela,
em não ser taxado
de propagar o mal,
por minha negligência,
em tempos de caos.
Eu estava em casa...
Tentando uma avivada.
Forçadas sapiências,
de reviravolta, remodelação...
Diletos afastados,
da infância à alta idade.
E fiz-me adaptado
a essa arrumação,
do culto à imunidade,
com essa gente pávida,
plantando esperanças,
nesse substrato
de austera prudência,
pra lá do trivial.
Messias, 06.08.2020