Surdo leitor
Deixe-me complicar
As amargas entranhas
Deste anti-soneto
Texto do sono, este
É que tem uns dez ou mais
que escrevem
e de cada dez
quinhentos vomitam versos
de calendários gregorianos
e morro dos ventos da náusea
ourivezinhos de
Pérola polida
Ora de mais
Ora de menos
O justo equilíbrio
é o grito antes do estouro
pausa
antes da morte
poesia em carne de sol
Sangue seco
Mas, vamos, tudo bem…
Encharque esse papel de pranto!
Eia, Dance como um chacal perdido num êxtase!
Evoque ninfas loirinhas de papel crepom!
Brinque de ser fogo, depois água,depois fogo!
Salte sobre a mesa!
Quebre copos!
Rasgue panos!
Tire Napoleão da ilha!
Desenterre as tribos e os reinos e tudo!
E chore sobre sua amada
Chore, trovador de soluços!
Grita, que teu leitor é surdo!
E ele permanece surdo
Porque gritas um agudo do agouro
e metáforas sao silenciosas.