Vãs preces
A vós que clamas ao vazio
Com o peito cheio de ira
Esperando que do frio vazio do vácuo
Algum eco ancestral se faça voz!
Como se houvesse alguém além do lá
Que escutasse suas preces,
E como quem diga “te apresses
“Teu passado esqueças e negues.”
Lamento dizer que não há nada
Na existência extracorpórea do ser
A não ser sua vontade de assim querer
Como se a ânsia do algo fizesse esse algo nascer,
Mas te esqueces que são teus ossos que te aquecem
Quando o fio gela sua espinha,
É a ancestralidade do ar que percorre tuas narinas
Que te faz viver e, algo além do ser, aspirar!
É o microcosmo de teus neurônios,
Manjedoura linda e perfeita de todas as ilusões
E de todas as fantásticas realizações,
Que fará sua velha casca no chão tombar.
João Paulo 23 de julho de 2020