AS FERRAMENTAS
A noite cai tenebrosa
O dia amanhece cinzento
Murcharam as rosas.
Contudo...
A esperança não desarma.
O mar não deixará de ter ondas.
O vento continuará a soprar.
Só o meu corpo, descarna
Com o avançar do tempo.
Chegará o dia...
Que será apenas ossos
Ossos meus, iguais aos vossos
Ossos iguais aos de toda a gente!
A morte quando vem
É injusta e desagradável
Só depois de dar a machadada
Ela cai em si...
E resolve ser democrata.
Coloca todos em pé de igualdade.
Não importa que seja novo ou velho
Culto ou analfabeto
Rico ou pobre
Todos terão a mesma oportunidade.
A partir daí, todos os corpos
Seguirão o mesmo caminho...
Todos servirão o mesmo propósito...
Vale a pena
Tanto ódio e vingança
Enquanto somos vivos ?
Para que nos serve
A faculdade de raciocínio?
As ferramentas...
São uma ajuda preciosa
Mas é preciso fazer bom uso delas...
Pensemos nisso!
© Maria Dulce Leitao Reis
01/05/2020