O crescimento das orquídeas

Orquídeas mirradas

que crescem cansadas

sobre o tronco morto

da árvore solitária

é a áspera esperança

de um dia cinza.

A letargia alimentada

em rações pequenas.

Orquídeas de tonalidades

frágeis se balançam

com a brisa fina do domingo

de esquecimento e falsa pena.

O mundo ameaça uma implosão

e as orquídeas crescem milimetricamente

diante daqui.

Um pouquinho em cada século.

Máquinas continuam sua trituração,

molas de relógio pressionam o elemento do mundo

e as orquídeas vestidas de indiferença

seguem sua sina:

crescer, passar, esperar o vendaval do juízo,

o safanão no rosto,

a reação imediata de violenta sorte,

violento golpe.

O cenário flutua no éter.

O nome científico de planta foi trocado

e as orquídeas não mudaram.

Apenas crescem mais um pouco,

milimetricamente.