Dia da Consciência Negra
Tenho a raça negra no sangue
Que convive com a Branca na jugular
Não Sou nem uma, nem a outra
As tenho
As uso
Como escada
Pela mente
Regurgito o passado INDIGESTO
Negro
Com sombreado
Branco
Destacando o famigerado
Preconceito
De cor, de raça, de credo
Costume costurado
Sem emendas
Preconceito
Velado
Submerso no sorriso
Torto
No tapinha nas costas
Nas pequenas coceiras na ponta do nariz
Nas fotos de uma cor só
Nas universidades de uma cor só
Nas festas de uma cor só
Na cara da pobreza de uma cor só
No olhar desviado
Na resposta afiada
Enfiada goela abaixo pela desavisada
Alma
Que esqueceu que não é a pele
Que a reveste
A igreja que frequenta
E nem a Tribo que pertence
Sai ferida
Lembrada
Revive a chicotada no lombo
Está no esquecimento
A vida que foi
Na pele do outro
Na tribo do outro
Na raça do outro
Na religião que não é a sua
Escravidão
Escuridão
Tom preconceituoso
Com roupa de piada
Tem até
O dia da consciência negra
Como se não existisse todo dia
A inconsciência moral e ética de quem pratica
O preconceito
Daquele que não quer ver
O que ainda não teve conserto
Preconceito
Fragmentação e separatividade
Manutenção do estrago
Da idiossincrasia social
Do dejeto psíquico