PASSAGEIROS DE ILUSÕES

Que caminho é esse que milhares
E milhares de pessoas seguem,
Sem rumo à trajetória de suas vidas?
Como cegos em direções opostas,
Dirigem-se para o abismo cambaleando
Sobre as pernas, em noites que viram dias
E dias que viram noites.
Malabaristas dos asfaltos!
 
São os pés que tropeçam um no outro
A pedido de mais uma pedra.
É o tormento do corpo enfraquecido,
Que não tem a noção de tempo nem horas.
É no chão o seu abrigo, alimentam-se
Dos seus próprios desejos insaciáveis,
Escorregando para mais densa trevas.
Passageiros de ilusões!
 
O trago é forte, a ânsia de sair
De si mesmo é compartilhadas
Com seus companheiros noturnos.
Apagam-se das mentes as brincadeiras
De crianças e deixam famílias inteiras
Para trás.
Esquecidos que realmente são,
Querem ser heróis imaginários.
Guardiões dos moribundos!
 
Sangrentas batalhas dos mortais
Enlouquecidos.
Retrato de um país em tempo
De guerra.
Lavam os asfaltos com o sangue dos
Seus próprios entes queridos,
Após apagarem as velas,
É o luto anunciado nos becos e vielas.
 
Os olhos são guiados pelos outros,
Não conseguem distinguirem as palmas
De suas mãos a frente do nariz.
E tateando o nada, a mente não
Mais corresponde com o comando
Enviado para o celebro,
E como bailarinas dançam a sinfonia
Da morte enquanto a terra não os recolhe.
 
Há tanta humilhação para quem já
Foi honrado um dia,
Há tanta solidão para quem já
Esteve perto de suas famílias.
Parecem que querem esquecer
O passado para não serem
Lembrados no futuro.
Para não deixarem as lembranças a fundo
Serem revolvidas em suas memórias.
 
Mais uma mãe chora sobre o corpo
Do filho ensanguentado vítima das drogas.
Entre os olhares dos curiosos que veem
Na mão fechada do menor uma pedra
De crack.
A dor é profunda e incalculável nesse
Filme que se repete quase todos os dias,
Enquanto houver saudade haverá despedidas.
 
Dinastia que crescem a cada ano,
Como formigueiros desordenados
Tribos de subumanos.
Curvam-se sobre os domínios incontroláveis
De seus vícios indomáveis.
Vendem-se por qualquer quantia,
Lançando o seu caráter na lama.
Trocam-se o bem pelo mal que os aprisionam.
 
Escravos de suas próprias vontades,
Enriquecem os bolsos de seus dominadores.
São verdadeiros fantoches humanos a mercê
De suas falsas fantasias, fama e dinheiro.
Deixam rastros de amarguras e desgostos
Para aquele que verdadeiramente os amam.
Trapos de imundícias, cúmplices das covardias,
Zumbis ambulantes de suas consequências.
 
Roubam as alegrias dos parentes,
Tiram o chão debaixo dos pés de
Seus pais trocam-se a vida pela
Vida e chegam à miséria.
Os planos para o futuro foram
Cancelados por falta de opções.
Não tem dó de si mesmo e o
Sentimento de amor é apenas
Uma palavra que não existe mais.
 
Perdem a dignidade, a liberdade de serem
Sóbrios condenados pela sociedade,
Que os lançam mais ao Fundo do poço
Sem direito de resposta.
Escórias que incomodam o nosso governo,
Que não investem um centavo para reintegrar
Uma vida para seu convívio social.
Morreu!
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
           
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 10/11/2019
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T6791733
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