De Zarus a Solano
Aponta meu cabelo e diz que só causo desgosto
Que eu não sou ninguém
Todo domingo na missa falando dos outros
Mas eu fui além
Muito além da sua hipocrisia
Reclama de injustiça, mas esquece a empatia
E grita aos quatro ventos
"Foda-se a periferia"
É, mesmo, o fim dos tempos
Onde reina a covardia
Basta olhar pro lado
Em cada esquina, ao menos um abandonado
Quem tem muito, desperdiça
E tem quem não come
Uns vivem na cobiça
Enquanto tem gente com fome
Cadê a burguesia
Com seu papo de sabedoria?
Enquanto o mundo cai em desespero
Sustentando o luxo de alguns,
Cenas que parecem pesadelos
Se tornam ainda mais comuns
Tem gente com fome!
E, de repente, todo mundo some
A trindade que nada vê
Nada ouve
Nada fala
Execra Solano do fundo da vala
Tem gente com fome
Tem gente com fome