De Zarus a Solano

Aponta meu cabelo e diz que só causo desgosto

Que eu não sou ninguém

Todo domingo na missa falando dos outros

Mas eu fui além

Muito além da sua hipocrisia

Reclama de injustiça, mas esquece a empatia

E grita aos quatro ventos

"Foda-se a periferia"

É, mesmo, o fim dos tempos

Onde reina a covardia

Basta olhar pro lado

Em cada esquina, ao menos um abandonado

Quem tem muito, desperdiça

E tem quem não come

Uns vivem na cobiça

Enquanto tem gente com fome

Cadê a burguesia

Com seu papo de sabedoria?

Enquanto o mundo cai em desespero

Sustentando o luxo de alguns,

Cenas que parecem pesadelos

Se tornam ainda mais comuns

Tem gente com fome!

E, de repente, todo mundo some

A trindade que nada vê

Nada ouve

Nada fala

Execra Solano do fundo da vala

Tem gente com fome

Tem gente com fome

Igor Sena
Enviado por Igor Sena em 22/10/2019
Reeditado em 09/04/2024
Código do texto: T6776155
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