Mau Olhado

Dedos de nuvens cegaram-me a súper lua

e os sessenta e oito anos de espera sem nenhum anel

ou compromissos, além da solidão no leito mútuo.

A chuva saliva no telhado despertando o banzo

no atabaque das goteiras.

A velha rã ancestral salta, de quando em vez,

no engaiolado do peito.

O curiango além sustenta minhas promessas

de tomar-te novamente numa cama ao por do sol:

_ Amanhã eu vou!

Repete sua máxima infinita mas, os três sabemos

quão mentirosas são as aves de agouro

e as cantorias de malmequer a escurecer os céus

de nossas tramas.

https://polenepedras.blogspot.com/2019/10/poemas-publicados-0122019.html