Ceifador
O espantalho do outro lado do espelho
enlaça-me em abraços de feno
e bailamos sobre cabeças de gelo
na Stalingrado arrasada.
Meu cérebro de capim
capta em antenas de vespas
vestais de Atenas
em pensamentos de flor e mel.
Minhas más intenções balouçam
como folhas no vale das pirâmides
a conceber cartadas de amor.
Num horizonte de pedra e pólen
o orvalho matinal prenuncia
dias de sol, doiradas farturas.
Saldamos as dívidas mútuas
no sal de Ló, à entrada de Gomorra,
para que limpos adentremos o submundo
num ajuste final com Hades
que nos permita vermos no olho
das tecelãs do Olimpo.
E não nos faltem amor em grãos
espigas de paz, na farta seara de bênçãos
das estações que se avizinham.
Antes que as valquírias nos colham,
aos pedaços, do interior de Cronos.
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