XINGÚ!
Hás de conhecer o homem
pelo teu estrago
nesta mata virgem,
oceano amargo,
gaivotas loucas desnudas pelo ar
Hás de conhecer teu ódio
quando este rio
transferir teu leito
transformado em lama,
um corpo perfeito
que não tem mais braços
nem colo, nem mama
Abelha Jandaíra... vai
levar seu favo marrom
em Guaraparu ou Marajó, Pará
avisa ao índio Xingu
que vou dormir por lá
Desço ribanceira abaixo
em busca de abrigo
o índio, meu estado,
um ponto de equilíbrio
roubado e desarmado no cantar da tribo
Maruá, caixirí, macaraê
mavhuticinin, iaçanã:
flor do campo,
meu berço, meu chão
Abelha Jandaíra... vai
avisa ao meu pai Iagé
que tome seu caapi
e sonhe com iauacanã
que, de resto, ficou o teu filho
e a flauta
do Deus Tupã