XINGÚ!

Hás de conhecer o homem

pelo teu estrago

nesta mata virgem,

oceano amargo,

gaivotas loucas desnudas pelo ar

Hás de conhecer teu ódio

quando este rio

transferir teu leito

transformado em lama,

um corpo perfeito

que não tem mais braços

nem colo, nem mama

Abelha Jandaíra... vai

levar seu favo marrom

em Guaraparu ou Marajó, Pará

avisa ao índio Xingu

que vou dormir por lá

Desço ribanceira abaixo

em busca de abrigo

o índio, meu estado,

um ponto de equilíbrio

roubado e desarmado no cantar da tribo

Maruá, caixirí, macaraê

mavhuticinin, iaçanã:

flor do campo,

meu berço, meu chão

Abelha Jandaíra... vai

avisa ao meu pai Iagé

que tome seu caapi

e sonhe com iauacanã

que, de resto, ficou o teu filho

e a flauta

do Deus Tupã

Lázaro zachariadhes
Enviado por Lázaro zachariadhes em 16/03/2019
Reeditado em 19/04/2024
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