Segunda pessoa
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Segunda pessoa
Não queirais vós
o torpor das ilusões.
Buscais, noutro sentido,
esgueirar-se ao pé do silêncio.
O túmulo nos deixa a sós
- nós e a eternidade...
Nós e voltas e a maldade
que aquebranta corações.
Não buscais vós
a voz que clama em tormento.
Por que quereis sentir
a dor alheia?
O equilíbrio que buscais alhures,
tendes, por ventura, em vós...
É uma voz que ecoa,
grito do silêncio atroz.
Não buscais vós
a palavra que magoa,
pois nenhum grito vale o que ecoa
quando o coração está em lágrimas.
Calais, portanto, o verbo aflito
e escutais o condão que brota, enquanto flor...
De repente, o grito derretido
será convertido em puro amor.
Não queirais vós
a busca insana e fugaz da carne.
Há mundos esquisitos,
resquícios de dor e de muitos ais...
Manifestais apenas um desejo:
O de amar, amar demais!
E que ao final de tudo,
que tenhais a pena em vossa mão.
E nada mais.
Nijair Araújo Pinto
Iguatu-CE, 14 de dezembro de 2018.
00h34min
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