A Mala do Prefeito
Certo dia encontrei,
uma mala caída ao chão,
era uma mala prete,
com a quantia de um milhão;
Perguntei quem era o dono,
sem dizer o que havia dentro,
perguntei à um por um,
que passava ali no centro;
Todo mundo me falou,
que a mala não conhecia,
então tomei a decisão,
e fui à delegacia;
Encontrei ela fechada,
havia acabado o dia,
o lugar estava escuro,
e ela estava vazia;
Sem ter muito o que fazer,
e a noite havia nascido,
fui embora para a casa,
depois de um dia sofrido;
Cheguei em casa cansado,
cansaço de um lavrador,
cansado do peso da roça,
cansaço de um trabalhador;
Cansado,assim eu ficava,
de Janeiro à Janeiro,
pra pagar as minhas contas,
todo mês e o ano inteiro;
Era o leite da criança,
água,luz e o aluguel,
por a comida na mesa,
também era o meu papel;
No final o que me sobrava,
não dava para um chinelo,
tinha que andar descalço,
ou com um sapato velho;
Foi então que eu pensei,
em ficar com a fortuna,
sendo que as dívidas vinham,
de maneira inoportuna;
Era a dívida do açougue,
magazine e padaria,
o empréstimo bancário,
até a pizzaria;
Dívidas que me forçavam
a fazer a pior escolha,
e me deixavam assim,
vulnerável feito folha;
No entanto decidir,
descartar a emoção,
dar ouvidos ao bom senso,
dar ouvidos a razão;
Procurei pensar com a mente,
corpo,alma e coração,
refletir sobre a origem,
do valorozo milhã;
Poderia ser dinheiro,
de um roubo ou corrúpção,
poderia ser dinheiro,
de uma instituição;
Mesmo que eu precisasse,
muito daquele milhão,
poderia fazer falta,
para outro cidadão;
Então eu deixei a mala,
guardada em meu porão,
peguei o controle remoto,
liguei a televisão;
Ao ligar me surpreendi,
com a notícia que passava,
o prefeito da cidade,
muito triste lamentava;
Dizia que havia perdido,
a verba municipal,
dizia em seu desalento,
na bancada do jornal;
À todos fazia um apelo,
no programa de TV,
à quem encontrasse o dinheiro,
pedia pra devolver;
Foi então que eu percebi,
sobre a situação,
a tal verba do prefeito,
era a mala do milhão;
Desliguei minha TV,
e fui para cama dormir,
no outro dia acordei-me,
derbrucei-me e sorrir;
Sorri por haver descoberto,
os donos daquele milhão,
sorri por poder consolar,
o prefeito e o cidadão;
Então eu peguei a mala,
e fui ao gabinete,
o lugar era imenso,
parecia um palacete;
Procurei pelo prefeito,
estava em reunião,
ao sair eu devolvi,
fazendo uma boa ação;
Ele ficou agradecido,
e elogiou minha atitude,
disse que eu era muito honesto,
e prezava minha virtude;
No momento em que eu ouvi,
todo aquele elogio,
percebi que ser honesto,
não era um desafio;
Fui embora 'pro' trabalho,
fazendo a reflexão,
fazendo o raciocínio,
sobre a situação;
Se eu tivesse ficado,
com todo aquele milhão,
teria faltado saúde,
segurança e educação!