O VENDEDOR
O VENDEDOR
AUTOR: Paulo Roberto Giesteira
Sou das ruas muitas das vezes das falcatruas,
Mercadorias expostas as variações das penumbras;
Por todo aonde um alguém me abordar,
Sou um bazar ou armarinho,
Uma marca barata ou cara de uma garrafa de vinho,
A uma pequena espécie de ambulante camelô;
Bomboniere, mercado, armazém, mercearia ou bar.
Nomes e números para as pessoas vender e na data certa cobrar,
Pelos imóveis a oferecer uma lar para morar,
Da aceitação para o que for para aceitar;
Do que a necessidade carecer a que precisar.
Bolas, bombas, babas, biscoitos e balas,
Muletas, maletas, malocas e talas...
Serviços, sorvetes, serventias e serventes,
Cereais, verduras, legumes, levedos ou absorventes;
Vilas, bairros, cercas, muros, favelas e cancelas,
Panelas, fivelas, flanelas, canelas e telas;
Salgados, sucos, fast food, fotografias e toilletes,
Restaurantes, padarias, quitandas e lanchonetes.
Atrás de alguns trocados do que tenha para vender para ter o que comprar,
Sou dos rótulos das embalagens de quem queira a algo pechinchar;
Dos recheios nos vários suplementos enfeitados para deliciar,
Vou por aqui, e vou por lá ou acolá;
Entre os meios das multidões por onde posso passar,
Por onde posso oferecer as mercadorias certas a agradar.
E feliz comprar, a levar para casa a alguém presentear,
Ou ali mesmo presente faminto a saborear,
Sou o vendedor por qualquer que seja o lugar,
Das conduções, condições ou lotações,
Das portas, portões, portos das pontas das praças em diversões;
De alguém que queira a algo comprar,
O que tiver para vender, alugar ou emprestar.
Do preço a um comercial publicitário a anunciar,
Não tendo nome, sobrenome, assovio ou apelido,
De uma glória próspera a um coitado falido;
As esferas globalizadas de alguns partidos,
As falas ensaiadas pelos bordões combalidos,
Fidelidade em troca daquele que foi traído.
Do ponto estação de embarque ou desembarque a quem deva soltar,
Do poste de luz e fios que proibido alguém vai urinar,
Das pontes dos atravessadores que por cima virá a passar,
Marquises para proteger a quem não tem por onde ficar.
Dos ramos ou dos rumos a que deva direcionar,
Valendo pelo que consumimos como mercadoria a mostrar.
Produtos a vital política de demonstração,
Seguindo pelas faixas de mão ou contramão;
Ofertas nas prateleiras, vitrines servindo como balcão,
De quem tem ou não tem a cada real condição;
Das obras as edificações das construções,
Sou um vendedor do que vendo ou troco a cada negociação.
A cada jogo na dosagem das vantagens das mercantilização.