Apenas Mais Um
Dos amores desta sórdida existência
Fui apenas mais um
Destemido, intenso
Intrépido
Salvo esta vez
Em que construo meu cais
Sem passar pelas tempestades
Que trazem o desabar dos meus pilares
Pois o que escrevo, morna brisa
Aquece quando é frio
Arrefece quando é inferno
Traz o efêmero amor eterno
A plenitude que preciso
As noites de sono que preciso
A paz que eu preciso
Habita no que trago
Às vozes, múltiplas
Que, fonte do caos, me tornam insano
Dedico cada um desses versos
Aos tempos de insônia
Que, limbo da loucura, me desgraçam
Dedico cada um desses versos
Aos recursos que uso para viver
Ou para provocar a dama da morte
Dedico cada um desses versos
Dos poemas dessa sórdida cidade
Este pode ter sido apenas mais um
Para uns, irrisórios fonemas
Para outros, desordem
Para mim, apenas mais um poeta
Liberdade.