Chora a natureza
O Jequitibá centenário,tristonho
Queixa-se à mata airosa:
-- Sei que minha hora é chegada.
Vou, tombar, a golpe de machadada!
Não sou como tu - bela, garbosa,
Sempre alegre, sempre prosa,
A desfilar na passarela de encantos
Que em ti, naturalmente aflora,
Enfeitada de folhas,
Frutos e flores perfumadas,
De matizes variados,
Que na orvalhada,
Vem a passarada
Fazer serenata!
Sorrir, a mata, um sorriso de tristeza,
Pejando de angústia , a natureza!...
-- Querido Jequitibá, tão altaneiro!
Que dás conforto e sombra o ano inteiro
Ao tão precisado viandeiro,
Não vês, na minha face, a pungente dor
Que sulca-me o semblante agora?
Sei,nem tudo pra mim, é encanto, é sonho!
Nem sempre, desabrocha a flor,
Abre -se o lírio , a planta medra!
Ouve o ronco da moto-serra maldita;
Espia, os homens de coração De pedra,
Feições distendidas,
Portando machados
A postos, para a derrubada!
Apruma a vista, antes que tudo se acabe!
Fez-se angustioso silêncio
No momento tão tenso...!
Quebrado por doridos prantos:
Perdão, querida mata!
É igual à minha, tua desdita,
A nós, o mesmo destino cabe:
Tombaremos,para que o homem,
amealhe mais riqueza!