O BRASIL DO AVESSO

Este poema estrambólico

Deve ser lido ao contrário

Primeiro vem os aplausos

E só depois o corolário.

As lágrimas que se recolhem.

Os suspiros no imaginário.

Desejos que se desfazem,

Como se fossem binário.

Na contramão segue o texto.

Do Z pra o A o dicionário,

Não se explica o contexto,

Volta a ser pau o calvário.

O bebê volta pro ventre.

Tudo vira uma baderna,

E condena-se o inocente,

A pena de vida eterna.

O glutão fica anoréxico,

E o mudo um tagarela.

A frase fica sem nexo,

E a moça sai da janela.

O riacho sobe a serra,

A flecha volta pra o arco.

O peixe triste da vida,

Pula pra dentro do barco.

Quem não liga pra política,

Tá hoje batendo a panela.

Só quero ver quanto fica,

O meu pão com mortadela.

O velho entrou por quota

Na exposição do museu

Criança já não faz prova

Se assina o nome, valeu!

A escola é o contrapor

Do verdadeiro ensino

Só entra no céu quem for

Um inocente menino.

O Brasil está ao contrário.

O trem já saiu da linha.

Quem governa é o salafrário,

Quem paga-o-pato? Adivinha?

Se deu nó na sua cabeça,

Volte e leia de novo.

Quem sabe mais, esclareça,

A conta quem paga é o povo!

Nesta poesia diferente

Me despeço e digo oi.

Voltou a ser Presidente

O barbudo sapo boi.

Kleber Versares
Enviado por Kleber Versares em 31/10/2017
Reeditado em 21/10/2024
Código do texto: T6158241
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