Tempo

Nada.

Meus filhos nunca quiseram nada.

Tudo.

Meus filhos sempre quiseram tudo;

E eu não sabia.

Havia.

Havia uma chance nova à cada dia.

Houveram.

Houveram "revanches", como às chamo ao lembrar-me;

Mas às desperdicei como quem desperdiça a vida milésimo a milésimo de segundo.

Queria.

Do meu âmago eu realmente queria,

Abster-me de todo o lucro que obtive em vida para saciar a fome de presença que meus filhos desejavam;

Queria de fato, agora inapto, ter visto seus olhos lacrimejantes e sentir o peso do mundo sobre minhas costas, ouvir seus soluços solitários em seus quartos e compreender minha falha.

Busquei?

Não, eu não busquei as respostas ou melhor,

Não fiz as perguntas certas;

O preço da ausência muitas das vezes se manifesta de forma abstrata e até incolor.

O preço da ambição desmedida,

É o fim do amor...

Tudo o que eles ansiavam tinha um nome: Tempo.