NÃO TEMOS ÓCULOS
Eu estou em tempo cego.
Cuidado com minhas
retinas.
Ô gente, eu estou ficando cego!
Meus olhos já não abrem!
O tempo está sem as lágrimas dos olhos
o dinheiro se escafedeu.
O colírio naufrágou na água suja
suja do Rio Pinheiros
suja do Tietê
suja de gazes.
E fezes fedidas...
Coitada das capivaras!
Se apossaram da brincadeira
da mesma
não existem mais círculos
nem circo.
Nem mulher barbada
tampouco atirador
de facas
só restaram os globos
da morte
e o folclore ninguém conhece.
Eu estou ficando cego
de glaucoma
e miopia
preciso consultar os óculos.
O meu poema não enxerga
O meu poema está cego
O meu poema não enxerga nada.
Ele precisa urgentemente
de consulta
de colírios
e óculos.