Busca incessante

Tenho que rasgar o mapa

Desviar a rota

Desconhecer atalhos.

Tenho que me calar

Ouvir o duro e o absurdo.

Tenho que recolher meus cacos

Triturar meus cacos

Ferir-me no sal

Debulhar espinhos, renegar ao ninho.

Cultuar o feio

Esquecer banquetes

Ausentar o charme

Calejar os dedos.

Tenho que me espalhar

Sem bússola e sem relógio

Sem chances para me achar.

Sem pano para cobrir-me

Sem carne para pecar

Sem lápis para traçar

O lirismo que quer pulsar.

Salivar o osso

Engolir o fel

Segurar o choro

Crispar a face

Mastigas o joio

Doar o trigo

Cariar o riso

Lamber o imundo

E depois...

Refletir profundo

Segurar o primo

Escalar do fundo

Redescobrir o mundo

Alcançar o cume

Celebrar o trunfo.