Minha companhia

Às vezes (quase sempre) eu gosto do silencio

Esse silencio que só eu tenho, bem calmo

Essa inercia que o olhar vago me traz ao nada.

Gosto da minha solidão, gosto de estar comigo.

Sou uma boa amiga quando mais preciso.

Me ouço, lá dentro, profundo. Me calo e falo.

Eu grito, eu choro, esperneio, faço barulho.

Tudo na calmaria do silencio que aproveito.

Me basto nesses momentos. Apenas eu. Eu.

Sempre foi assim. Desde as pontas claras

Dos meus cachos infantis. Até hoje, olhos rasos.

Olhos profundos. Olhos de mim e para mim.

Tudo se resolve nessa ausência de sons externos.

Todas as confusões se vão. Quedo quietinha.

Assistindo meu corpo mudo falando segredos.

Acompanhada de mim, como gosto, sozinha.

17/05/2017

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 17/05/2017
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