PEQUENO RECADO
A dor em mim é mato
A solidão toma conta de mim
Tristeza, a tenho de fato
Não tenho flores em meu jardim,
Apenas lembranças de um passado recente
Que me iludia politicamente,
Mas que agora mostra sua cara,
A joia rara
Tornou-se indecente...
Tenho vergonha de ser brasileiro
Diante de tantas barbaridades
De políticos e empresários caloteiros
Que nos tiram a liberdade
De comer três vezes ao dia
Por que sua hipocrisia
Disfarçada em ideologia
Nos tira a felicidade
O seu povo passa fome
Fome de alimento e justiça também
Se vende por um pedaço de pão
Elegendo um falastrão
Que não tem pena de ninguém...
Ando triste e atordoado
Com tanta corrupção
Seja da merenda escolar
Seja na Petrobrás ou mensalão
Ou mensalinho mineiro,
Seja no engavetamento de CPIs do orçamento,
Meu Deus que tormento,
Sou poeta,
Mas sou brasileiro
E quase ninguém dá valor
Por isto demanda dinheiro...
Vale-se o que tem
Se nada tem, vale nada!
Assim a poesia vem
Mergulhando de cara na calçada
Olhando as coisas como são de fato,
Onde dor em mim é mato
E me desespero feito gato
Quando por água fria é molhado...
A música perde seu rebolado
A música não dá mais recado
Da revolução por minuto
Nem fala do rapaz latino americano
Nem do cambalache anunciado
Nem mesmo do ouro de tolo
Ou das lágrimas por cima da ponte,
Nem da vaca já foi pro brejo,
Ou da estrada da vida,
Apenas diz mil vezes,
Apenas uma palavra imbecilizada
Sem criatividade nenhuma
E seguimos a estrada,
Sem destino algum...
A cor dos olhos é vermelha
De tanta chorar de fome
De alimentos ou de justiça,
Mas o judiciário
Faz Judicialização a saúde
Para enriquecer grupos de médicos sem ética
Que rouba a vida das pessoas humildes
E ainda se posam de salvadores da pátria...
Nosso país está um caos
De norte a sul sem fronteiras
No nordeste a corrupção está solta
No sul é brincadeira
No Centro-Oeste se toma gotículas d’água
Que vem de Carlinhos Cachoeira
Que abastece campanhas políticas de políticos
Que são milionários hoje
E que antes não tinham nem eira e nem beira...
No sudeste tudo é calamidade
No norte falta esgotamento sanitário na cidade
E na zona rural
A concentração de terras
Tem tornado uma verdadeira guerra,
Que tristeza, que barbaridade!
Nosso Brasil é rico demais
Cada um só olha para si
Quanto mais se tem capitais
Mais a desgraça da fome sorri,
Pois o capitalismo selvagem
Transforma em lavagem
De dinheiro quase tudo aqui.