Milagres e Maravilhas.
Quando a gente ainda é jovem
É preciso que muitas coisas
Sejam pulsantes, brilhantes,
gritantes, pujantes e extravagantes
Pra que assim a gente as veja
E pouca coisa nos comove
Pois o jovem
Implora pra que haja chuva
Enquanto chove lá fora
E jamais percebe a perda
de cada dia que vai embora
Mas a vida corre
E por mais protegida que seja
e por menos que a gente veja
Fatalmente, um dia
A Inês é morta
E o tempo corrige
A maneira torta, tortuosa
e às vezes pretensiosa
de pensar que as coisas eram
E feras vem bater à porta
Porque fomos nós
Quem as chamamos
Quando a gente é jovem
Tudo precisa ser exuberante
Mas o tempo ensina a gente
A enxergar mais profundamente
e também a pensar com clareza
e com isso enxergar a beleza
Que a gente não via
Com nossos olhos e alma fria
Imaginando milagres e maravilhas
onde nada havia
e passa a descobrir
Os milagres e maravilhas
Que existem e sempre existiram
E a gente não os sabia
Mas agora a gente sabe
Onde eles estão.
Edson Ricardo Paiva